Toda mudança gera desconfortos. Esse é um fenômeno biológico que todos já experimentamos; seja mudando de cidade, controlando nossas finanças ou assumindo uma nova posição na empresa em que trabalhamos. O termo: “Indústria 4.0” surgiu recentemente, entretanto, ele vem gerando muito desconforto, principalmente pela relevância do nosso trabalho na relação homem-máquina.
O conceito surgiu em 2011, como um projeto de estratégias do governo alemão visando a implantação de fábricas automatizadas. Sustentado por 4 pilares centrais: Computação em Nuvem, Big Data, Mobilidade e Segurança de Dados; a Indústria 4.0 é movida pelas inovações tecnológicas que objetivam a utilização correta e com máxima eficiência da linha de produção no setor industrial.
Nessa nova revolução, os equipamentos são desenvolvidos em âmbito global na fábrica, preocupando-se com o processo do início ao fim, do chão de fábrica à integração de todas informações que vão até o consumidor final, fechando um ciclo de sustentabilidade com utilização assertiva das informações geradas.
E onde entram os robôs nesse processo? Hoje em países com alto investimento industrial em tecnologia, como Alemanha e Estados Unidos, o controle de vários processos é automatizado, por exemplo, indústrias que produzem peças automotivas sem nenhuma interferência mecânica de funcionário, apenas com robôs.
Com a implantação de sensores nos materiais, o robô consegue reportar informações que ultrapassam o limite mecânico de sua função. Utilizando a inteligência artificial, ele transmite em tempo real o local que foi produzido o objeto, sua temperatura, o seu estado de conservação, quando ficará pronto na linha de produção, sua durabilidade e por fim qual melhor transporte para envio ao cliente. Você acredita que o empresário prefere um robô ou 20 funcionários para a mesma função?
Uma estimativa recente, da McKinsey Global Institute, informa que até 2030 no Brasil, 15,7 milhões de trabalhadores serão afetados pela automação industrial. Outro estudo da mesma consultoria afirma que de 30% a 50% das funções atuais podem ser automatizadas.
Todo desconforto que esses dados causam, possuem uma base racional a ser pautada. Assim como os maquinários movidos a energia elétrica aumentaram as vagas de trabalho e a produtividade das empresas, a tecnologia na Indústria 4.0 é um alicerce para novas mudanças. Estamos falando de um novo pensamento de cooperação do homem-máquina.
Trabalhos que exigem muita força ou são repetitivos, não demandam muito aprendizado. Estes serão otimizados com as máquinas, esse é o propósito da criação destes robôs. O seu trabalho será intelectual, de análise e colaboração para execução correta das máquinas, ambos saem ganhando nessa parceria.
Então, quando falamos dessa revolução, a cooperação homem-máquina continuará existindo, existirão vagas para todos: técnicos, programadores, profissionais que montam as máquinas, as profissões se renovarão e é seu papel estar inserido intelectualmente nessa nova realidade.
Outro fator primordial nessa revolução é de que essas tecnologias não funcionam sem um aprimoramento inicial da gestão da empresa. Segundo FGV a produtividade/por hora trabalhada no Brasil equivale a US$16,80 dólares, enquanto isso na Alemanha esse valor chega em média a US$64,40.
A Indústria 4.0 está centrada no conhecimento, mas nossa realidade no Brasil hoje, não possui o foco na produtividade e eficiência de processos, mas na capacidade de resolver problemas do passado em um atraso tecnológico e com uma situação política instável. O futuro está sendo construído e o Brasil ainda não está inserido nesse debate.
Eficiência de Gastos do Governo , 2018. World Economic Forum.
Caminhamos a passos lentos, mas podemos tomar atitudes que visam o aprimoramento da indústria. Como colaborador, você pode contribuir com ideias para um aprimoramento dos processos, participando das decisões e melhorias, com indicadores para o seu departamento e para a empresa como um todo. Como gestor você pode incentivar a cultura da gestão de indicadores em sua equipe. E a empresa como um todo ganha, evitando perdas e retrabalho.
Multinacionais que possuem acesso a novas tecnologias produzidas pela Indústria 4.0 representam uma parcela mínima no cenário industrial brasileiro, porém para que pequenas e médias empresas tenham acesso a essas inovações tecnológicas é necessário a participação dos sindicatos, do setor público e dos empresários, em ações que fortalecem o interesse coletivo no investimento da cooperação homem-máquina para um crescimento exponencial do setor.
O Brasil se encontra hoje na posição 69º no quadro de países que investem em inovação, segundo levantamento da OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual).
A revolução vai tardar chegar aqui, mas qual é o seu posicionamento sobre esse avanço no seu trabalho? Deixe seu comentário e vamos seguir adiante com essas reflexões de um futuro que já é parte do nosso dia a dia.
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